quarta-feira, 16 de março de 2011

O Diário vira roteiro de longa


O Diário que vira roteiro de longa

Começamos uma nova vida, o Raphael estava com 09 anos, e nessa
época começou a desenvolver seu lado artístico e musical.
Coloquei-o no teatro, montei um grupo de dança para ele.
Na intenção de ajudar ao meu filho a mostrar seu trabalho, produzi um evento para que ele pudesse se apresentar, e foi nesse evento que conheci
Leandro Firmino da hora.
Era um domingo como outro qualquer quando me apareceu um grupo de
Meninos, um deles, Marquinhos se aproxima e diz:
-Dona Sandra Lima, a senhora deixaria agente se apresentar no seu
Evento pra divulgar nosso trabalho?
- Claro meu filho! Respondi.
O grupo de cinco meninos chamava-se, Grupo Fan era um grupo pop de musicas autorais, composto por Nando, PR, Kinho, Léo, e Cassio.
Nessa época o filme Cidade de Deus estava sendo produzido, mas ninguém sabia, o Léo chega um dia para se apresentar e trás o Leandro com ele
e me apresenta, assim foi dado o inicio da nossa amizade.
O Filme é lançado, o sucesso inesperado, o Oscar, e em meio a tudo isso
eu e Leandro nos afastamos por um tempo, até que em 2003 ele descobre
onde estou trabalhando, na época numa agência de modelos e foi me visitar, foi uma tarde muito gostosa, conversamos muito e no meio desta conversar relatei algumas passagens do meu pai.
e uma das passagens que emocionou o Le, foi quando narrei que as crianças ao avistarem o caminhão azul do meu pai saiam gritando:
- O Português, vem o português!
-Sandra escreve isso pra mim, daria um bom roteiro! Leandro exclamou entusiasmado.
-Posso te emprestar meu diário! Respondi
- Poxa seria ótimo, empresta mesmo? perguntou
-Claro! Respondi
Combinamos o dia em que ele iria buscar o diário, ele foi e depois desse dia em diante perdemos o contato novamente, pois ele estava com projetos fora do Brasil e quase não ficava no Brasil e nem no Rio.
Em 2006, recebo um telefonema dele me pedindo para que eu recebesse a
Cineasta Kátia Lund, alguns fotógrafos e produtores da HBO, e os roteiristas Julio Pecly e Paulo Silva.
Disse a ele que tudo bem, que receberia a todos, e assim aconteceu...
Foi uma noite muito gostosa, o Julio parecia ser meu amigo de infância
falava de mim e de meus amigos como se tivesse vivido lá no Bom Pastor.
Kátia Lund pediu que eu a levasse para conhecer as pessoas de lá, marcamos e fomos todos, fotógrafos, produtores, roteiristas, Kátia, e Leandro.
Quando chegaram ao Bom Pastor, todos conferiram de perto o quanto aquele lugar é especial, Leandro se apaixonou por todos e todos por ele.
Em 2009, recebo a noticia que o filme já estava em pré produção, que a atriz Dira Paes adorou o roteiro que poderia ser a atriz a representar minha mãe na historia do diário.
Desse dia em diante eu e Leandro continuamos nos vendo, até produzimos
um curta juntos, e estamos aguardando verba para executar o projeto.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O Começo do fim

Estava tudo indo bem entre eu e o Marcelo, até chegar ao
Jardim Clarice uma Creperie que logo ficou famosa por
ter um lindo garçom, que virou o alvo de mulheres, meninas
e gays, o nome dele era Flávio, bem branco de cabelos e olhos
pretos, corpo definido por causa das artes marciais.
Apesar de ver todas as minhas amigas suspirando por ele,
eu nem dava a mínima para sua beleza, e muitas vezes
irritei-me com suas investidas, eu respeitava muito o Marcelo
era um grande companheiro, um cara muito leal e doce, eu nem
pensava em traí-lo, mesmo não o amando como homem. Parecia que quanto, mas eu dava fora e desprezava o Flavio mas ele investia, talvez eu tenha sido para ele um troféu.
Flavio investia em serenatas, bilhetes e rosas na minha janela.
Foi em 1988, ano em que foi Promulgada a Constituição Federal Brasileira com capítulo sobre o Meio Ambiente, neste mesmo ano em 27de abril eu termino meu namoro com o Marcelo, para não traí-lo, e dar inicio ao meu
namoro com o Flavio.
O Fim do namoro foi trágico , ele não aceitava, ficou embriagado
e aprontou muito tomado por desespero profundo e eu sem saber
naquele dia estava jogando fora um grande amor.
Em 1989, engravido do meu filho Raphael, grávida descubro as diversas traições do Flavio e termino tudo com ele após um flagrante.
Alguns anos se passam, um belo dia meu pai chega em casa com a noticia
que iríamos voltar para o Bom Pastor, pois estava muito difícil continuar pagando aluguel e tantas contas.
Eu trabalhava na Gávea, e pegava as 06h30min no trabalha, não teria como
voltar, lá o ultimo ônibus era as 23h00minhoras, eram 3 horas de viagem até a Zona Sul.
Meu filho foi com meus pais, e eu tive que deixar ir, pois lá tinha um colégio particular esperando por ele (o colégio da minha cunhada) e
eu não tinha condições de pagar alguém para ficar com ele enquanto trabalhava, foram anos muito tristes, tive depressão, chorava muito
mas tinha que ser assim...
Comecei um namoro com um rapaz, e logo começamos a morar juntos
foi então que consegui uma vaga para o Raphael num colégio perto
do Jardim Clarice, e fui buscá-lo.
1998, a caminho do bom Pastor eu pensava em como a vida é cheia de mistérios e surpresas, uma coisa me marcou muito, o fato do meu filho ter
ido morar no mesmo bairro, e que seus amigos eram filhos dos meus amigos, e que o seu melhor amigo “Tiaguinho” era filho da minha melhor
amiga de infância Vilma, minha mãe Adelaide o adotou como neto
e todos da rua ponta negra o amavam, para ele assim como foi para mim, doeu virar as costas e deixar aqueles amigos queridos, para seguir um novo caminho.

A MUDANÇA

1986, ano internacional da paz, Portugal e Espanha entram na união Européia.
Nesse ano meu pai aluga uma casinha em um lugar chamado Jardim Clarice, em Jacarepaguá. Nossa, era como um sonho... extremamente diferente do Bom Pastor
as ruas do Jardim Clarice, eram todas de pedras, e havia sítios, jardins
e muitas alamedas floridas e arborizadas. O empreendimento imobiliário foi feito pelo antigo dono das Lojas Brasileiras, Adolfo Basbaun que homenageou a esposa Clarice dando seu nome ao jardim. A Praça local é em memória de Mário Tibiriçá (1880-1974), um dos primeiros moradores da Estrada Curipós , estrada em torno da qual foi construído o condomínio, estrada onde fomos morar.
As ruas do Jardim Clarice têm nomes de romances e livros de poesia da literatura brasileira. A sugestão foi feita no ano de 1976 por Carlos Drumond de Andrade ao Prefeito (1926-1981). Era um sonho morar num lugar tão pacifico e belo, mas ainda assim o Bom Pastor fazia parte das minhas melhores lembranças.
Assim que chegamos ao Jardim Clarice eu fiz um novo amigo, um Surfista muito engraçado, desengonçado, cabeludo, mas muito muito legal, seu nome era Marcelo.Quando nos conhecemos eu não fazia ideia de que era filhinho de papai, ele era simples e meigo, minha mãe o adorava, ia a nossa casa, sentava no chão para comer.

Até que um dia ele me convida para conhecer sua familia, e ai foi aquela surpresa ele tinha um Alfa Romeu, morava numa casa que tinha sala de jogos, piscina, sauna, sala de video, enfim... confesso que me assustei, fiquei pensando nas tardes em que ele tomava café com farinha lá em casa, foi deprimente. Eu nem imaginava que aquele seria o homem que mas me amaria na vida. Por mim, deixou de beber, fez as pases com a familia, voltou a estudar e foi trabalhar na empresa do pai, a fabrica de lingerie Shanadu. Nunca vou me esquecer o dia em que cortou o cabelo por um pedido meu, toda familia havia tentado, mas só eu consegui a façanha, eu mesma cortei e deixei cheio de caminhos de rato, ele ao invéz de brigar comigo riu e decidiu terminar o trabalho no salão de um amigo.Eu e Marcelo começamos a namorar alguns meses depois de nos conhecermos, apesar de não o ama-lo como homem, eu o amava muito como pessoa, e o namoro foi ficando serio.