segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Meu pai, a expressão do amor, em pessoa.

Meu pai foi e continua sendo um herói para os moradores da rua ponta negra e para mim. Parece que estou vendo seus olhos, o jeito como ficavam quando via um vizinho doente ou necessitado, era cativante a maneira como se importava e se esforçava pelo próximo, nunca conheci de perto um homem igual a ele, que com certeza, mesmo com todos seus defeitos, é e sempre será meu maior exemplo de vida.
Lembro-me das vezes em que ele me contava histórias, e uma das histórias que eu mais gostava de ouvir era a história de amor dele e da minha mãe.
Minha mãe vinha de uma família tradicional, onde era expressamente proibido falar palavrão, não podia falar alto ou rir alto. Estudo, cultura e etiqueta eram uma exigência.
Meu pai, português, de Trás dos Montes, homem rude, criado em plantação, pai e mãe analfabetos.
De cada dez palavras que saiam da boca do meu pai, nove eram palavrões, seu tom sempre alto, e mesmo que estivesse apenas conversando, parecia que estava brigando.
Mas foi esse homem que entrou de cabeça numa guerra pela mulher amada, minha mãe.
Eles tinham namorado um tempo, se separaram e ficaram uns bons tempos sem se ver, até que um dia se reencontram. Minha mãe estava grávida de seu ex-namorado, sem apoio da família, sem ter pra onde ir, sem emprego, e meu pai disse a ela que assumiria seu filho como um filho e que jamais faria diferença dele com os outros filhos e que o amaria com todas as forças e faria o melhor pelo bebê, e foi isso que ele fez pelo meu irmão Alexandre. Minha mãe conta que meu pai cuidava do bebê de madrugada, fazia as tarefas da casa quando chegava do trabalho.
A promessa dele foi cumprida de tal maneira, que meu irmão o ama demais até hoje. E sempre que pode está com ele e tem orgulho do pai que teve. Minha mãe também provou seu amor e gratidão por ele quando foi morar no Bom Pastor, pois ela teve a chance de trocar meu pai por um homem rico e não fez, foi leal a ele e passou muitas lutas ao seu lado.

Meu pai se fazia de durão, não gostava de chorar na nossa frente nem demonstrar suas fraquezas, suas dores, mas era só olhar para dentro de seus olhos, e estava ali, pois era um ser muito transparente e verdadeiro.
Foi o que comecei a perceber quando minha mãe teve que se internar para uma operação, eu o via sempre pelos cantos, com olhos tristes, rosto cabisbaixo... Na época não existia celular, e a visita era uma vez na semana e quem tinha um ente querido doente, morria de saudades.
Nesse momento difícil da nossa vida, minha querida mãe Adelaide foi um anjo em nossas vidas, era ela quem cuidava de nós e de meu pai, lavava as nossas roupas, nos dava comida.

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