quarta-feira, 11 de novembro de 2009

NOVASS AMIZADES e UM ROMANCE INESQUECIVEL

Com o fim do meu namoro com o Gilberto, o adeus aos amigos do circo
E a tristeza do acidente da Valéria, o Bom Pastor ficou muito triste, eu precisava superar tudo aquilo, fui à busca de novos amigos, novos lugares.
Ao invés de ir para a sorveteria e da casa da Verinha, comecei a freqüentar o Shopping
De Nova Iguaçu, e os clubes de lá. Dando inicio a uma nova e inesquecível fase de minha vida.
Num desses passeios, estava no centro de Nova Iguaçu. Parei para perguntar a um camelô que vendia relógios que horas eram, foi quando ouvi uma voz atrás de mim, dizendo a hora, quando olhei, era um rapaz bonito, branco, de cabelos escuros, ele me deu um lindo sorriso e eu, tímida, correspondi. Ele disse:

- Você está com pressa ou pode tomar um sorvete?
- Posso sim! – respondi.

Me lembro que fiquei fascinada por ele, como se fosse um encantamento. Andamos pela rua brincando, rindo, ele fazia coisas engraçadas, e me fez descer e subir a escada rolante de um centro comercial, invertendo, descendo quando a escada subia e vice-versa, achei super divertido. Depois fomos jogar totó, jogamos a tarde toda e, finalmente, eu perguntei:

- A gente passou a tarde toda juntos e eu não perguntei seu nome, qual é?
- Artidônio. – ele respondeu – Mas todos me chamam de Tony. Prazer. E você, como se chama?
- Sandra, mas todos me chamam de Sandrinha.
- Posso te colocar um apelido?
- Pode.
- Vou te chamar de monstrinho.
- Monstrinho? Mas por quê?
- Você é uma menina estranha, incomum. Usa roupas largas, é diferente das outras meninas arrumadinhas que conheço.
- Mas é só isso? Eu sou feia demais?
- Não! Feia você não é! Apenas diferente, e eu gosto muito do seu jeito. Você vai ser o meu monstrinho, ta?
- Ta legal!

Foi tão lindo e sincero o jeito que ele disse que eu passei a amar o apelido. Então ele disse:

- Eu estou passando por um sério problema, sobre qual não quero falar, e foi muito bom encontrar alguém como você no meu caminho, foi um dia inesquecível, quero te ver de novo, pode ser?
- Claro que pode ser!

Mal sabia ele que tudo que eu mais queria naquele momento era ouvir aquilo, ouvi-lo dizer que queria me ver de novo.
Ele pediu um papel e uma caneta no bar onde estávamos tomando suco e escreveu a seguinte frase: “Monstrinho, você é assustadoramente especial, inacreditavelmente diferente. Foi bom conhecer você, me liga.” E colocou o telefone no bilhete. Ele me levou até o ponto do meu ônibus e me deu um beijo na testa. Fui pra casa sonhando... Ele tinha um pouco do Betinho no seu jeito alegre e louco de ser.
Passou uma semana e resolvi ligar, relutei muito para não ligar, mas sentia que precisava vê-lo novamente. Liguei e tive uma agradável surpresa, ele ficou tão feliz com minha ligação e disse:

- Monstrinho! Que bom que você ligou. Estava com medo de você ter perdido o papel, quero muito te ver, eu preciso muito te ver!
- Também queria te ver, por isso liguei.
- Você está fazendo o que agora?
- Como assim? Agora?
- É. Nesse momento.
- Nada, falando com você no telefone.
- Eu sei monstrinho. Eu quero saber se você tem alguma coisa pra fazer agora, na hora do almoço.
- Eu não!
- Vem almoçar comigo aqui em casa. Pega uma caneta e um papel que eu vou te passar o endereço.
- Mas seus pais estão em casa? Você não está sozinho não, não é?
- Não to sozinho não. Meus pais e irmãos estão aqui, pode vir.

Eu relutei, porém fui! Quando cheguei fiquei feliz, a casa estava cheia de gente, conheci a mãe dele, os irmãos... Nossa amizade era linda, ao meu lado ele parecia um garotinho de 5 anos, mas na verdade quem era a menina era eu, que tinha acabado de completar 15 anos. Ele já estava com uns 19 ou 20 anos. Tudo era tão real e sincero entre nós que a saudade machucava o peito, mas como não podia ser diferente, eu, a Sandrinha, sempre era tratada como a menina legal, que era ótima companhia, ótima parceira, mas sempre era dispensada como a namorada.
Eu fazia todos eles se sentirem valorizados, era amiga e compreensiva (acho que esse era o problema). Mas também tive um monte de meninos que me amavam tanto, tanto de dar pena. Acho que nós, seres humanos somos todos iguais nisso, só valorizamos o que não podemos ter.
Eu e o Tony passávamos as tardes de quarta e sexta no shopping de Nova Iguaçu jogando totó, bebendo refrigerante. Nossa amizade durou 3 meses, 3 meses de intensa alegria, até que um dia, Tony me chama pra conversar sério. Confesso que pensei que ele fosse me pedir em namoro, minha ansiedade era imensa, contava as horas para vê-lo. Nos encontramos no shopping, como sempre, mas nesse dia ele me levou para um outro lugar, um barzinho bem aconchegante, sentamos um de frente para o outro. Havia algo em seus olhos que me parecia um misto de dor e ternura. Podia ver em seus olhos um adeus. Pedimos suco de laranja. Então ele disse:

- Monstrinho, você foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos, você me da alegria, me faz passar horas felizes, como a muito tempo não acontecia.
- Tony, o que você ta querendo dizer? Você está com algum problema? Posso te ajudar?
- Não olhe para trás, não demonstre nada, a minha namorada está vindo.

Naquele momento eu me segurei para não agir de maneira egoísta e passional, foi um choque pra mim, afinal eu nem imaginava que ele tinha namorada. Então ela entra, para atrás de mim...
Ela era linda. Morena, cabelos longos, corpo escultural, bem vestida, e eu com aquelas roupas imensas e largas, tranças no cabelo. Foi aí que eu percebi que os homens podiam amar uma pessoa, mas na verdade só namoram com “mulheres” e não com “pessoas”. Então ela disse:

- Oi Tony! Tudo bem?
- Oi Meire, deixa eu te apresentar minha amiga, Monstrinho.
- Oi. – ela disse – Monstrinho? É apelido, não é?
- É sim. – respondi.
- Ah ta! – exclamou ela.
- Bem... Eu vou embora, pois já ta na minha hora. – disse eu – Foi um prazer conhecer a namorada do Tony.

Saí dali com sem rumo, com a mente nas nuvens, o coração apertado e baixa auto-estima. Estava andando sem rumo quando ouvi gritos ao longe, chamando por Monstrinho. Eu estava andando colada com a linha do trem de Nova Iguaçu, olhei para frente, pro lado, pra trás e não via ninguém, foi quando a voz gritou: “olha pra cima.” Eu então vi o Tony correndo como um louco pela passarela gritando: “monstrinho, me espera. Eu te amo!” E aquela frase me comoveu, era tudo que eu queria ouvir, percebi que também poderia ser amada, não por ser linda, mas por ser exatamente como sou. Esperei, e quando ele chegou perto me abraçou chorando, e disse:

- Vamos nos sentar em um lugar calmo, a gente precisa conversar.
- Tudo bem.

Sentamos na escada da estação de trem, eram mais de 18h e o movimento estava tranqüilo. Então ele disse:

- Quando sentei com você no barzinho era pra abrir meu coração, te contar um monte de coisas, mas eu não conseguia, pois eu sabia que iria te ferir.
- Faz mal não, pode falar.
- Eu namoro a Meire há 5 anos, mas com o tempo foi desgastando. A gente só ficava juntos pra transar, o resto do tempo eram brigas, eu nunca passei um dia com ela como passei com você, feliz de verdade.
- Por que você não falou logo no inicio que você tinha namorada?
- Não sei! Eu não queria estragar tudo, estava vivendo uma coisa diferente, e também não achei que pudesse gostar de você, achei que seriamos amigos pra sempre, mas agora descobri um sentimento forte e intenso por você, porém não vou continuar te enganando, vou falar pra você toda a verdade. A Meire está grávida de 3 meses e a família dela está cobrando casamento.
- Poxa! Tony, isso é muito sério. Vocês são responsáveis por essa vida, você tem que ajudar e apoiar ela nesse momento, e a melhor coisa pra nós, é não nos vermos mais.
- Não! Por favor! Não me diga que não vamos mais nos ver. Eu preciso de você pra me ouvir, pra me dar um pouco de alegria.
- Cara, você está sendo egoísta. E a minha alegria? E a da Meire? E a do bebê? Eu não posso ficar do lado de alguém que quero como namorado, apenas como amiga. A Meire precisa de você, e o bebê, de um pai. Vamos esquecer que nos conhecemos, e quem sabe um dia, depois da dor ter passado, a gente se esbarre.

Assim, em lágrimas, dizemos adeus, mas nunca esqueci toda essa história.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Acidente na curva da Bayer do Brasil

É... A vida segue seu rumo, amigos chegam, amigos partem, amigos ficam.
O Circo foi embora, mas meus queridos amigos antigos ainda estavam ali, como sempre.
Tudo voltou a ser como antes, tudo normal até chegar o dia do baile na Bayer do Brasil,
Um dia que marcaria as nossas vidas, pra sempre.
Esse baile era esperado por toda população jovem do Bom Pastor e das redondezas. Grandes atrações da época apareciam por lá, como: Doutor Silvana, Alberto Brizola, entre outros.
Como quase sempre, fui à casa da Verinha para que elas me arrumassem e para que elas me levassem ao baile. Lembro-me que neste dia o Marco e a Verinha fizeram as pazes depois de muito tempo brigados, fiquei muito feliz, pois adorava vê-los juntos, eles se amavam tanto e o amor deles me cativava, me fazia sonhar em um dia viver um amor como o deles. Fomos: eu, Nina, Elias, Elza e Verinha, que encontrou o Marcos Lá. Valéria e Claudia foram com seus namorados, separadas de nós, e os meninos do The Break City também compareceram ao baile, todos com seus grupos. Foram separados, mas se encontraram lá. Mais uma vez, lá estava eu, dando de cara com o Índio e sua amada.
O baile foi maravilhoso, todos dançaram e curtiram muito até a hora de ir embora, aí então, mais uma vez os grupos se foram, voltando todo mundo junto, menos a Valéria e a Cláudia, que seguiriam dali para um pagode. Elas podiam, afinal eram maiores de idade. Valéria passou de carro, abriu a janela e disse ao meu irmão:

- Lima, cuida bem da Sandrinha.
- Não se preocupa não, a Sandrinha vai dormir lá em casa. – disse a Verinha.
- Ta legal. – disse a Valéria – Tchau gente!

E o carro seguiu...
Quando chegamos na casa da verinha, fizemos o de sempre: tomar banho, trocar de roupa e comentar todos os fatos da festa do baile. Estávamos conversando, quando de repente ouvimos um barulho, como uma explosão. Senti um calafrio e um aperto no peito, mas nada falei. Ficamos preocupadas, mas fomos dormir. Umas três horas depois, um amigo de dona Eurípides foi lá para avisar que a Valéria tinha sofrido um acidente na curva da Bayer na volta de um pagode no centro de Belford Roxo. O acidente foi realmente grave e foi um milagre Claudia e Verinha terem escapado. O motorista, namorado de Claudia, teve um infarto fulminante ao volante. O veículo capotou, Claudia foi atirada pela janela do carro e Valéria ficou presa nas ferragens junto com seu namorado. Claudia, vendo que o carro começou a pegar fogo, correu em direção ao veículo, tentou desesperadamente abrir a porta, mas todas as tentativas foram em vão. Num ato heróico, encheu-se de coragem, pegou Valéria pelos braços, arrastou pela janela com toda força, mas a perna de Valéria foi rasgada, pois não tinha outro jeito, assim que Claudia tirou Valéria e conseguiu colocá-la num lugar seguro, o carro explodiu. O acidente foi um fato marcante na vida de Valéria que, perdeu seu namorado e ficou 1 ano sem andar direito e quando estava se recuperando, sofre um tombo, e novamente machuca a perna, tendo que continuar andar de muletas. Mas Valéria era uma guerreira, não se entregou, lutou, casou, montou seu negócio e mostrou que somos todos capazes de superar as dificuldades.